Vira e mexe alguém aparece aqui na escola preocupado com a
questão “religiosa” que se acredita existir na prática de Yoga.
Minha primeira e imediata reação é afirmar: Yoga não é
religião.
E quando digo isso, quero simplesmente dizer: A prática de
yoga, de forma nenhuma, vai te fazer ser desleal com sua religião (católico,
evangélico, espírita, budista, etc). Muito pelo contrário, ela vai aumentar sua
fé naquilo que te faz bem e te traz paz.
Essa é minha resposta básica, rápida e rasteira.
Mas às vezes o aluno quer saber mais!
E claro que há muito mais a ser falado, mas muito antes das
divagações sobre um tema TÃO complexo que envolve muita história e cultura de
muitos mil anos comecei a fazer a mim mesma algumas perguntas:
Você sabe o que é autopercepção? Você se percebe? Se
conhece?
Identifica plena e pacificamente (sem duvidar, invejar) o
BEM alheio?
Costuma ter consciência quando erra, ou quando age com algum
sentimento negativo? (inveja, cobiça, luxúria, egoísmo, raiva, etc)?
Tem o hábito de contemplar a natureza, que podemos chamar de
criação divina?
Para falar sobre religião acho fundamental elevar os
sentimentos, e buscar a sinceridade mais pura do coração.
Porque se você se deixa levar pelo que você lê, ouve, vê e não
pelo que você sente, você não vai atingir o objetivo de toda religião que é nos
RELIGAR ao divino. Você vai fingir, apenas. É comum que a religião nos seja
imposta, normalmente dentro de nossa família, mas também podemos nos
influenciar por amigos.
E se isso acontece, a pessoa acaba se tornando intolerante.
Ela levanta barreiras em torno de si, para que nada abale a convicção que se
esforça pra ter.
Agora quando a pessoa segue uma religião com toda sua alma e
coração, TUDO vai BEM. Conheço ‘espécimes’ assim de muitas religiões diferentes!
Pessoas que me inspiram e me ensinam muito! E que me respeitam, assim como eu
sou, assim como meu vizinho é, e assim por diante.
Após essa breve reflexão, apontemos então para uma questão
muito controvertida na prática de Yoga, a meditação!
Em síntese, seu efeito orgânico (biológico, físico,
racional) sobre o corpo é de fazer com que o cérebro produza ondas que são benéficas
à saúde como um todo.
Sabem quando a gente joga pedrinha na água, aquelas ondas da
água? Imaginem essas ondas mais aceleradas ou mais lentas. Então, existe uma
velocidade ideal, nem acelerada, nem lenta demais. É esse estado que a gente
pretende atingir com a meditação dentro da nossa cabeça.
Só que todos ouvem falar que meditar é ausência da
pensamento. E algumas religiões se usaram disso para “viajar” de diversas maneiras,
dizendo, entre outras coisas, que o maligno se aproveitaria dessa situação de
ausência de pensamentos para penetrar na cabeça das pessoas.
É uma coisa tão ridícula de se dizer! Voltemos às questões
iniciais!
Ainda, como sabe-se que no Budismo pratica-se meditação
(diversificadas, visto que existem muitas vertentes diferentes de Budismo)
associa-se também a Yoga com o Budismo, e ainda, Buda como Deus.
É assunto que não acaba mais! Buda não é Deus. Buda é o nome
recebido por aquele que atingiu a iluminação, aquele que percebeu a realidade
sem ilusão, nem aflição.
E Yoga não é Budismo mas a prática da meditação acabou
criando este ‘vínculo’ entre os dois.
Seja como for, nas nossas aulas, ainda dou muito pouca da meditação
clássica. Pretendo ainda ter uma turma especial só pra meditar. Estou estudando
bastante pra isso, estudando técnicas que nos ajudam a nos manter focados. Nas
aulas normais, como o tempo é restrito, fazemos apenas um aquietamento da
mente, e exercitamos bastante a respiração e os ásanas.
O assunto não está esgotado, eu jamais teria capacidade para
esgotá-lo! Mas sempre terei disposição em atendê-los, ouvi-los, e quando possível
respondê-los, e quando não possível, sempre vou adorar pensar com vocês e depois pesquisar mais!
Namastê