sábado, 24 de agosto de 2013

O exagerado foco no alinhamento correto atrapalha o “flow”?



Nestes meus 16 anos de contato com o Yoga, quase dois deles como professora, continuo conhecendo e aprendendo mais sobre as diversas modalidades de prática.

Neste último final de semana, senti na pele, como nunca tinha sentido antes, o que é a prática de Ashtanga, série I. É muito incrível o que os praticantes fazem! Eu não consegui fazer a série toda, mas fiz mais que a metade, e o suficiente pra sentir seus profundos e sutis efeitos.

Como a maioria das práticas, o Ashtanga surgiu do Hatha e se não tiver sido totalmente criado, foi muito aprimorado e difundido por Pattabi Jois, o guruji dos praticantes dessa modalidade.

Possui séries fixas em diferentes níveis. Sua prática visa progressivamente desenvolver a plena sincronização dos movimentos com a respiração, e sua execução sem interrupções, sendo a ordem dos movimentos de um significado especial e profundo para o corpo. Por exemplo: uma mesma articulação alongada em diferentes sentidos, ou ainda movimentos diferentes que estimulem o bom funcionamento de um determinado órgão. E tudo isso num passo a passo rigoroso que tem como destino final a libertação, a paz plena.

Alguns consideram o Ashtanga como uma prática "austera" pelo excesso de rigor.  É tipo assim: depois primeira inspiração no Surya A, só pare exalando em Savasana. Em média, uma hora e meia depois. Sim, uma hora e meia, sem o aquecimento inicial! E esse seu requisito pra ir pra série II.

E é aí que entra a pergunta título: a busca pelo alinhamento atrapalha o fluxo contínuo dos movimentos?

E a resposta é: SIM, CLARO!

Num caso como o de Ashtanga, o praticante precisa ter uma familiaridade muito grande com as posturas, senão é muito grande o risco de se machucar se quiser acompanhar o flow-fluxo que a prática exige.

Contudo, queridos alunos, aqui, somos todos iniciantes. Estou começando aqui em Itararé. Vocês estão começando. Já há alunos exemplares que me enchem de alegria e entusiasmo, mas estamos começando!

TODAS as posturas de yoga exigem um alinhamento correto, dos pés à cabeça. Esse alinhamento muitas vezes é natural e fácil, outras vezes não. É preciso tempo para chegar lá, para aprender a distribuir o peso pelo corpo, trabalhando toda musculatura e protegendo todas as articulações.

Daí entra a profe chata aqui. “Mais pra cá! Menos! Aqui, aqui...mantém, contrai os bandhas...” Por favor, eu peço que se eu exagerar nas correções e acabar atrapalhando vocês, me avisem! Cada um é cada um, tem gente que gosta mais, outros menos...conto com vocês!

Muitos de vocês sabem meu profundo interesse pelo método Iyengar! Diferente do Ashtanga em relação ao fluxo-flow da sequência, já que paramos o tempo todo para corrigir as posturas, visto que se busca o alinhamento "perfeito" e essa perfeição é diferente para cada corpo. Mas, claro que também busca desenvolver uma prática fluída dos movimentos, o que acontecerá naturalmente, após o corpo se habituar às poses e puder fazê-las sem o foco exclusivo no alinhamento.

Acho incrível o passo a passo, acho fundamental o sentir cada postura-ásana em sua plenitude, com todas as células do corpo focadas no objetivo final, mas principalmente nas percepções sutis.

Mas também, acho mágico o fluxo-flow do Suryanamaskar, executado e respirado com coordenação-vinyasa. E isso eu já passo pra vocês! “Inspire-eleve os braços, exale-solte o tronco à frente, inspire-eleve só a cabeça, abrindo o peito, etc.” E não esqueçam o susurro! A respiração ujjayi.

Conclusão: a de sempre! Tempo, dedicação, paciência, persistência e MUITO amor! Para todos nós!

E, por enquanto, vamos continuar praticando a base da prática com um Hatha Vinyasa bem delícia e com o passar do tempo, vocês também terão suas próprias experiências com as diferentes e mais específicas modalidades.

Namastê  



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