Hoje eu realizei 108 repetições
do suryanamaskar.
Esses tempos uma aluna minha
contou que tinha feito esse desafio.
Isso certamente foi um estímulo! Afinal,
já é metade da minha vida praticando yoga, estava na hora.
Eu tenho esse problema com
planejamento. Ano passado até quis seguir um roteiro para realizar as 108 repetições,
não segui e não cheguei nem a tentar.
Também não é raro eu me perder
na contagem dos 5 suryas A e 5 suryas B, em algumas aulas de astanga. Como
faria pra contar 108? Pensava.
Com calculadora na mão encontrei
os números 12 e 9. 12 séries de 9 repetições chegaria a 108.
Assim ficaria mais fácil.
Hoje foi o dia! Sem planejar. Fui
até a escola 6h45 para uma aula individual às 7h. Uma aluna que não costuma se
atrasar. 7h05 já sabia que ela não viria (depois fiquei sabendo que ela foi,
mas não conseguiu abrir o portão...isso é outra história).
Sem pensar muito peguei um papel
e desenhei doze bolas. Puxei meu mat para o meio da sala e comecei. A cada nove
repetições, uma bola era riscada.
Ao completar a terceira bola
parei por alguns segundos, para abrir a porta (estava esquentando) e para fazer
xixi.
Voltei ao mat e continuei. A
contagem deu muito certo, a não ser um momento que ouvi um barulho muito forte
no vizinho, não tive dúvidas sobre ela.
A cada execução o
número em que estava era repetido durante a respiração: inspira 1, exala 1, inspira 1, exala 1, ao chegar no
cachorro contava as cinco respirações com o alfabeto (a,b,c,d,e).
A certa altura meus punhos
começaram a doer. Passei a me concentrar mais nos músculos a cada chaturanga,
urdhva mukka e adho mukka. Deu certo de novo.
Suava. Muito. O tapetinho começou
a “esfarelar”, meus pés ficaram manchados! Pensei que não completaria as 108 repetições
por, talvez, duas vezes. Mas segui. Comprometida com o Tapas, um dos Niyamas do
Yoga que se relaciona a auto-disciplina e determinação.
Todas as vezes que me
levanto as 5h30, para dar aula às 7h, estou cultivando tapas. Meu objetivo é
claro e meu esforço não é exagerado.
E assim segui, me surpreendendo
comigo mesma, porque o esforço realmente não estava sendo exagerado, porque a
cada parada no adhomukka eu me voltava ao essencial do porque estar fazendo
aquilo com minha mente, meu corpo e minha alma conectados.
Tinha outra aula às 8h30. O
celular estava desligado e não via as horas. De uma maneira incrível,
exatamente, exatamente mesmo depois da 108º repetição e após a entoação do Om por uma vez e três entoações do Sri
Ganesha mantra, ouvi o portão se abrindo.
Não tive tempo de fazer o
savasana, mas ao me sentar para iniciar a aula, meu corpo estava incrivelmente
leve, minha voz clara e transparente.
Muitas vezes, em diversas
situações, a gente se acomoda. Se satisfaz e pára de buscar ser melhor para si
mesmo, para os outros. Se não são os chacoalhões de vez em
quando, corremos o risco de passar nosso tempo e nossa vida de uma
maneira....morna.
Desafios estimulam, fazem novas
idéias e resoluções surgirem em nosso coração.
E a entrega a um desafio muitas
vezes nos traz esclarecimento, mais coragem e determinação para enfrentar
alguma mudança, alguma decepção.
Mesmo sem saber o que fazer,
mesmo conectados com a sábia orientação de “entregar, confiar, aceitar e
agradecer”, ficar totalmente parado pode não ajudar.
E talvez por isso, juntando uma decepção,
um não saber o que fazer, com a necessidade de não ficar parada que meu ser,
mais forte que eu, me guiou e foi. Me levando a completar esse desafio.
108 é um número considerado
místico para alumas religiões e tradições ou apenas curioso por diversas razões matemáticas, físicas e
metafísicas.
As explanações são diversas e
muito interessantes mas, francamente, para mim, o grande “barato” está em
repetir junto com várias outras pessoas ao redor do mundo o mesmo desafio, a
mesma tradição.
Querendo saber mais é só digitar
no google: significado 108. Aparecerão uma infinidade de textos!
Namastê
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